Resumo: Artigo 36041
Análise da utilização de Redes Cooperativas como dispositivo de uma Política de Desenvolvimento tecnológico de Insumos em Saúde o caso do PDTIS / Fiocruz (50,3,91)
Márcia Teixeira, FIOCRUZ, BrazilCarlos Saldanha, Ana Filipecki, Laura Simões, Helena Klein, Fundação Oswaldo Cruz, Brazil.
Apresentação: Wednesday, May 29, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 212 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 33 - Chair: Marta de Almeida
Abstract.
O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados preliminares de uma pesquisa em andamento cujo objetivo é analisar a reorganização da pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias em saúde na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do uso das redes cooperativas. A Fiocruz é a maior instituição pública de pesquisa em saúde do Brasil nas áreas das ciências da saúde, das ciências biológicas, além das ciências sociais e humanas em saúde. Ela notabiliza-se pela produção de conhecimentos científicos sob a forma de artigos publicados em periódicos de alto impacto. A pesquisa científica é complementada pelo forte investimento na pós-graduação. A despeito do êxito científico, desde 2001 a Fiocruz promove redirecionamentos em sua política de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico. O intuito é fortalecer a tecnologia e introduzir a inovação como componentes dessa política. Entre outras iniciativas, a Fiocruz lançou-se na estruturação de Programa de Indução à Pesquisa em Insumos (PDTIS). Um dos argumentos é a baixa taxa de desenvolvimento de tecnologias frente à produção de conhecimento científicos. O alvo são tecnologias para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças transmissíveis e não transmissíveis, com ênfase nas consideradas negligenciadas. É certo que o sistema de saúde nacional registra alta incidência de doenças globais como a hipertensão, mas as negligenciadas como a malária são afetadas pela baixa capacidade de compra dos estados nacionais e das populações acometidas, predominantemente de países africanos, latino-americanos e asiáticos. Isso reduz o valor no mercado farmacêutico internacional, restringindo o investimento no desenvolvimento de insumos e justificando sua priorização por instituições públicas. Em linhas gerais essa política caracteriza-se pela indução à pesquisa tecnológica, pela organização de redes cooperativas para a coordenação de projetos e pela estruturação de um centro de desenvolvimento tecnológico em saúde baseado no uso de plataformas tecnológicas e laboratórios flexíveis para a realização de ensaios. A literatura de análise e discussão de experiências de fomento ao desenvolvimento tecnológico e inovação registra o uso intensivo desses dispositivos em diferentes contextos sociotécnicos, de forma combinada ou não. Literatura afinada com o universo conceitual e metodológico dos STS, como também aquela mais afeita à abordagem dos sistemas de inovação. Nesse trabalho enfocaremos a utilização das redes cooperativas como dispositivo de coordenação. As redes surgem no contexto do PDTIS como instrumento de reordenamento do espaço e da dinâmica institucional para constituir um ambiente inovador. Os resultados preliminares indicam que a escolha desse dispositivo não foi precedida por uma análise institucional. Há dissonâncias entre a flexibilidade e as interações não lineares e não hierarquizadas associadas às redes e a estrutura organizacional hierarquizada, burocrática e pouco interligada. O ambiente inovador propiciado pelas redes cooperativas depara-se também com a lógica de organização da pesquisa, voltada para a produção de artigos e teses. A gestão de projetos é uma iniciativa recente, pouco disseminada e que enfrenta um modelo de avaliação centrado na produtividade individual do pesquisador. Verificamos também dissonâncias com o marco regulatório observado pelas instituições públicas de pesquisa (IPP) que dificultam a implantação de dispositivos propostos pela Lei da Inovação. Até o momento, consideramos que a implantação das redes cooperativas no PDTIS não foi acompanhada por estratégias de transformação dos atuais modelos de avaliação e de gestão seguido pela Fiocruz, tampouco para a busca de alternativas ao marco regulatório das IPP. As redes funcionam como um agregado de projetos executados por equipes de pesquisa previamente constituídas. Porém, não reunimos ainda elementos para dimensionar seu impacto no desenvolvimento de tecnologias.